domingo, 7 de outubro de 2007

Futebol e Desconstrução

Novamente futebol...


Hoje foi o jogo oficial... o jogo que motivou o jogo de ontem. E as dores de ontem armaram um cartel com as dores de hoje.


Perdemos de 4 a 1. Caiu uma puta chuva torrencial durante o jogo. era barro pra todo lado. tu chegava perto da bola por uma lado, e ela, assustada, saia correndo para outro lado, que geralmente não era o lado de algum companheiro.


PUTA MERDA! Bolada na cara. bem que o juiz tinha dito que era mais seguro tirar o óculos na para jogar. mas como é que um ser com 4 graus de miopia vai conseguir jogar sem óculos? PUTA MERDA! Bolada na cara... cada vez maior era a bola, até escurecer por completo, quando abri os olhos. cadê o óculos?. para o jogo, alguém tem que encontrar meu óculos. achou?. valeu!. era o óculos mais torto que eu já havia visto. a lente esquerda encostava no olho (literalmente). (des)entortei.


CHUVA: óculos (de novo) cheio de gotículas muito simpáticas. óculos atrapalhando a visão. o paradoxo óptico do futebol.


Minha perna esquerda não mais faz parte de meu corpo. é um corpo estranho no meu próprio corpo. ela parece ter sido arrancada, depois juntada, depois arrancada novamente e torcida, depois rosqueada em alguma equivocada parte de meu quadril. a própria perna como um todo parece estar fragmentada em outras tantas partes. é o início de uma total fragmentação. ou desconstrução?!. o futebol age no meu corpo como dispositivo desconstrutor.


Vou-me ir. a complexidade futebolística do meu corpo clama por desfragmentação.
...hasta...


Um comentário:

Bibiana Friderichs disse...

Temos um corpo formatado, desenhado culturalmente para fazer gestos contidos, apropriados. Uma forma que é lentamente lapidada através dos tempos, copiada entre as gerações, fixada, pré-estabelecida.

além disso, há ainda uma tentativa individual de projetar em nossa performance física um ideal de desenvoltura, de relação entre espaço, volume e ritmo. Trata-se, penso eu, da nossa capacidade de se metamorfosear diante dos demais, como um camaleão, ou, como dizia Goffman, de adequar nossa imagem a imagem do outro.

No futebol, no teatro e em todas as outras esferas da ação (e que fique claro que falo mais de uma reação, de um impulso-resposta, de um diáologo, do que das situações cotidianas com as quais estamos habituados) há um (des)controle, ou um de"s"controle, uma necessidades de (des)truição da forma, de ruptura, de quebra, de exposição do gesto e por mais que pareça apenas um jogo, mexe com a gente.

hasta...