sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Mel e a Dignidade

Ler é esconder-se do mundo... entrar em algum si mesmo!


Da última vez que sentei, solitário e introspectivo, no banheiro... abri um jornalzinho muito legal, elaborado por estudantes de Jornalismo de uma tal universidade privada que eu estudo. Para o bem da verdade, não posso mentir dizendo que abri o jornal... apenas olhei a primeira página, em que aparece uma foto do Brizola e do Tarso de Castro (que virou celebridade revolucionaria e andergaundi por aqui) . Então, virei o jornal e dei um vistaço na última página... era um texto de uma menina sobre alguma exposição de alguma professora da privada sobre alguma viajem pela Florença italiana.
Li!
O Título trazia algo com perfume de flor de lis... e realmente depois de ler saí perfumado, aliás: melado... era tanto mel que escorria por aquela página que quase dava enjoo de pegar... mas algum mel há de ser bom na vida, não é?... ainda mais nesse contexto de privadas. ... Apesar de ter me melecado todo com aquele texto... lembrei de algumas coisas que me aconteceram na vida.

com flor de lis me lembrei de quando fui escoteiro... e tentavam me ensinar como ser um cidadão responsável - quem diria que eu nunca aprenderia que para ser responsável precisaria me calar.

Falando de Florença... queria dizer que a magia da tal cidadéla italiana ficou denegrida por uma puta chuva torrencial que caiu durante todos os dias que eu passei naquela cidade... era um monte de gente, uma massa de umbrelos, escorrendo de lá para cá. Todo o mel que a autora do texto encontrou nos quadros... eu vi escorrer nas possas de lama. ou observava respingar para todos os lados, quando pisava com minhas botas e ficava com os pés molhados o dia inteiro, e depois tinha ainda que dormir na rua... porque pensava que aventureiro tem que sofrer por frio e fome!

O Mel me fez lembrar de um casal de namorados que eu sempre encontro sentados no banco da frente do ônibus que eu pego para a universidade. Faz um tempão que eu observo eles. estão sempre na mesma posição - ele como braço contornando a espalda dela. os narizes sempre em contato. risinhos e beijinhos. toda hora. um grude. eu acho lindo, mas as vezes da vontade de puxar um para cada lado pra ver se não estão grudados mesmo.

O mel me fez lembrar também um Clown espanhol, maluco e anarquista, que eu vi no Jô Soares (até que as vezes da para assistir esse chato). O cara, no final do programa, pegou 3 kilos de mel e despejou na cabeça. Segundo ele, o palhaço é mais humano quando perde a dignidade!

Eu odeio a dignidade. Odeia a ilusória dignidade das privadas!

...hasta...

(acabou o meu tempo nos computadores da privada!)

IES?


Isto não é um Vaso Sanitário




*** Mas pode ser uma Privada***

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Primeiro Ato

Minha mãe escreveu um comentário... tive a ótima idéia de postá-lo aqui... eu sei que ela tem um amor especial por mim!
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Como gosta de banheiro e cocô esse guri!!! sempre foi meio assim: Pablo com dois anos - Cena 1 na cozinha: "Onde está o Pablo"? depois de procurar pela casa toda ... No banheiro! Ele está no banheiro! Cena 2 no banheiro: Pablo aos pés do vaso agarrado com as mãoszinhas observando com seus enormes olhos escuros atentamente se o brinquedo que ele havia jogado no vaso iria desaparecer como desaparecia o cocô dele...
Cena 3 na sala: Alô? É o encanador? O Sr. poderia vir aqui em casa desentupir o vaso novamente? Sim, sim, eu sei meu senhor, o vaso foi desentupido na semana que passou... Como? Com o que foi entupido o vaso? Com um brinquedo meu senhor! Como? O senhor não acredita? É porque o senhor não tem 1 filho que se chama Pablo e que além de adorar o lobo mau porque COME a vovó também adora fazer experiências jogando os mais diversos objetos no vaso sanitário!!!!
Bem, o tempo passou e o vaso teve que ser arrancado e substituído...
Lá pelos 12 anos o Pablo teve um "revival" de se fechar no banheiro. É que... bem... ele encontrou uma revista de mulher pelada, BEM pelada quero registrar!!!
Hoje ele continua gostando de ficar no banheiro. Ao que tudo indica, mudou de “ações físicas” ... Viva Stanislavski!!! (Esse russo tem cara de quem gostava dum bom vaso!)


Assinado
Cilene - A mãe do cara meio à toa (é que ele foi criado meio à toa...)

domingo, 23 de setembro de 2007

Frida e a Chuva.





Estes mares não estão para peixes... ou estes dias não estão para banheiros! Minhas leituras de banheiro, logo após iniciado este Blog, estão escassas. Este espaço só me tem servido para tomar banho e escovar os dentes, por vezes, também, para apertar alguma acne incomodativa. Atividades que tornam um pouco dificil o ato da leitura, embora sejam ótimos exercícios meditativos e filosófico. Quem já não encontrou uma aparente solução para um problema vital durante o banho? Essa experiência transcedental me aconteceu hoje mesmo.



Enquanto chovia lá fora, uma chuva torrencial. eu tomava banho, um banho bem demorado (estou tentando diminuir a duração do banho). e comecei a pensar nos sofrimentos diários e contínuos da minha vida... pensei no grupo de pré-adolescentes que atendo todas as quartas-feiras... uma gurizada muito esperta, divertidissimos, mas que não param um segundo sequer. eles pisam em cima de mim. e eu, depois de anos estudando, me remetendo a técnicas estapafúrdias e comprovadamente ineficazes. que decepção comigo mesmo. (...) - Enfim, depois de algumas palavras de auto-flagelação que não lhes vou dizer aqui - (...) Com a água quente na cabeça, pensei em algumas iniciativas processuais para aquela gurizada sedenta de compreensão. também não vou dizer o que pensei, quarta-feira próxima escrevo cá o que se sucedeu com o grupo (se, por ventura, sair vivo).



Em conversa virtual com meu amigo Francis, surgiram questões epistemológicas a respeito da Filosofia de Banheiro: "na privada você faz a leitura e apreende o conhecimento, no banho você pensa a respeito e elabora uma teorização (...)".

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Pensei desde logo em montar este blog para fazer algumas resenhas de minhas leituras... em especial as leituras de banheiro. Mas vou ampliar também para as leituras pré-sono. aquelas que fazemos tentando instigar um fio de sono, que estes dias malucos, velozes e barulhentos, perigam extinguir.



O Livro que indico aqui, e que está sendo meu companheiro de cabeceira (pelo menos foi essa noite)... AS AFINIDADES, de Reinaldo Montero.


Montero é cubano. Dramaturgo por excelência, romancista, poeta e roteirista. Esteve na Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo/2007... O cara parece ser um dom juan... e não foram poucos os suspiros femininos, por mim percebidos.
neste romance, Montero fala genialmente sobre o sexo e o amor. São dois casais, quatros pessoas, quatro experiências. Cada qual com seu ponto de vista e sua vista do ponto.

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Sinto um cheiro de cachorro molhado. olho para meus pés. a cachorrinha Frida esconde-se de seu algoz. tem nos meus pés algum conforto e confiaça. me sinto bem.

...hasta...

sábado, 22 de setembro de 2007

Reflexões acerca de um Blog de Vaso Sanitário






Este é o primeiro texto de meu primeiro Blog. Apesar disso, não constará aqui resenha de minha primeira (ou primeiras) leitura(s) de banheiro. Uma porque foram demasiadas leituras, e não ouso tentar descobrir qual foi a primeira. Outra porque a ordem cronológica neste blog, é um mero adereço insignificante, que eu achei por bem, não retirar dos marcadores (para fins de organização).




As leituras de banheiro são fenômenos que acompanham muitas pessoas no mundo. Mas melhor que isso, é que me acompanham há um certo tempo. Sempre que entro no banheiro para sentar no trono sagrado e deixar ali algo de mim mesmo, lanço mão de uma boa leitura rapidinha (por vezes não tão boas, mas sempre rapidinhas). Parece ter um significado substitutório essas leituras: Conforme sai, entra.


Um dia meu Tio estava contando um história sobre um certo amigo... Este amigo era um verdadeiro homem das letras, um advogado respeitado por sua erudição, homem que parecia sempre estar no mundo da lua e fumava continuamente um cachimbo... quando perguntado de suas leituras e estudos respondia: "minha cultura é cultura de vaso sanitário". (falava com acentuação particular nas vogais, abrindo muito o som e forçando estranhamente os músculos da face).


Tenho uma amiga por demais especial. essa amiga tem um pai. e o pai dela guarda 15 minutos sagrados de seu dia. 15 minutos após o almoço. para sua leitura cultural/banal de banheiro. o homem é PhD. sua leituras previnem o Mal de Alzheimer. creio que estas leituras também agem sobre o mecanismo de criatividade deste pai. ele inventa umas coisas muito interessantes.


O Vaso Sanitário pode parecer algo sujo e nojento. Contudo, me parece ser um
instrumento que, pela perspectiva da Teoria das Leituras Banais de Banheiro,
pode ilustrar as contradições existenciais que atravessam a sociedade e o
individuo. O Vaso: local de descarte do excesso e de construção de cultura; lixo
orgânico e adubo intelectual; adubo orgânico e lixo intelectual; espaço povoado
pelo mau cheiro e território de reflexão do ser humano sobre si mesmo; evidencia
a comunhão das redes sociais, uma vez que toda merda converge para um mesmo lugar
(geralmente Rios que atravessam cidades) e um dispositivo de valorização da
individualidade do ser humano, uma vez que a maioria das pessoas (a saber) cagam
sozinhas.


O Vaso e seus derivados também podem ser Arte... como nosso querido amigo Duchamp genialmente nos mostrou há algum tempo...