quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Esqueleto Guloso

ESQUELETO GULOSO I
...
Neste espaço meu tempo é o teu tempo
....Iluminando e levando alegria à tua existência
.........Nas águas que ele nadava ela com certeza iria se afogar.
................Precisava desviar os pensamentos.
.........................De pouquinho em pouquinho, dei-te uma bitoquinha cheirosinha
....................................Um corep a gente nunca esquece e nenhum é igual ao outro
.........................Mas ninguém me deixa fazer...
.................Ma o que será da vida, sem vida!
............Oitenta pandas aprenderam a voar.
.....Somos livres para sonhar e sonhadores para viver.
..Nas ruas empoeiradas, naqueles dias.
E o sol se pôs em Caxias.
.
.

ESQUELETO GULOSO II
...
Somos seres solitários
O barulho, a música, as conversas eram bons. Só o silêncio ensurdece.
Mas pro outro lado, música é muito entorpecente, né?
O Papa Bento tá na Argentina
Assim, todo mundo somos nós.
O mesmo rio não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.
na vulnerabilidade de ser
Mas o meu tio gritou: "tartaruga!" e eu acordei.
Como as folhas das árvores que com o vento cai, iremos embora porém as árvores ainda aqui permanecem.
olhar para tudo de uma outra forma.

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Produções coletivas surreais
no Elfo do Cadáver Delicioso
no Corep Sul Caxias do SUL.
Autores futuros psicólogos do RS, SC e PR.
.....

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

¿miS

...Aniversário é coisa estranha de se fazer!
::::

................................Tu nunca sabe se faz para si ou para os outros!

::::::::::::::::


... hasta ...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

!!! Cadavre Exquis !!!

Na parede estava escrito ENTÃO.
.
Então, os meus pés se vão
assim , de música em sica
.
e sempre foi assim,
.
só porque ela estava de pulôver vermelho.

Nathália. Bibiana. Pablito. Gisele. Julian
...

O cadáver delicado ou cadavre exquis é um jogo criado pelo surrealista português Mário Cesariny (na década de 1940) a partir uma técnica de escrita e de pintura coletiva, cujo objetivo era surpreender o consciente. Nesse sentido ele propunha que a obra fosse construída através do trabalho em cadeia, onde cada autor dá continuidade, em tempo real, à criatividade do autor anterior, conhecendo apenas parte (ou nada) do que este fez.
Na prática, trata-se de um “Jogo de papel dobrado que consiste em fazer compor uma frase ou desenho por várias pessoas, sem que nenhuma delas possa aperceber-se da colaboração ou colaborações precedentes. O exemplo, tornado clássico, que deu nome ao jogo, está contido na primeira frase obtida deste modo: O cadáver-esquisito-beberá-o-vinho-novo.” (in Antologia do Cadáver Esquisito, organização de Mário Cesariny, Lisboa, Assírio & Alvim, 1989, p.95). Na época, muitos dos resultados desta escrita automática foram publicados na revista de André Berton, "La Révolution Surréaliste".
....
p.s.: há uma controvérsia quanto a tradução do termo exquis. As publicações mais recentes o traduzem como delicado e não esquisito.

*** Informações retiradas do Blog da Biba - Scriptografias ***

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

EREP SUL

Criação: Julian Dal'Asta, Pablo Corazza e Cilene Potrich
Arte: Julian Dal'Asta
Pé: Pablo Corazza

sábado, 17 de novembro de 2007

Apontamentos Pega Pega

Apontamentos sobre um filme que pega um, pega geral.



Minha espera foi longa. Muitos e muitos dias fiquei ouvindo muitas e muitas pessoas falarem sobre o filme. Já estava repetindo frases chave dos personagens do filme, mas nem sequer havia visto o cartaz do filme. Discuti a relevância dos argumentos nas mesas de bar em ardentes debates etílicos sobre o filme. Apreciei discussões e citações do filme no congresso nacional de psicologia social, em pelo menos duas das conferências principais. Ouvi atentamente tudo... mas ainda não o tinha visto. Meus nervos já não suportavam ter o conteúdo mas não ter o recipiente!

passei na padaria. tomei uma cerveja. conversei com pessoas de coração. dopo, fui ao cinema... sozinho, como gosto.

Tropa de Elite.

Saí do Cinema incomodado... ainda não sabia o que pensar, pois pensar é estar doente dos olhos (Fernando Pessoa). saí com vontade de meter a mão na cara de todo mundo. Fui no Bar Bokinha, minha voz estava alta, e não poucas vezes usei partículas liguísticas das torturas Bopeanas para pedir que me servissem mais cerveja.

O que pensar...

Para mim ficou claro uma coisa, a genialidade do Padilhão. Um cara que dirige um admirável documentário como o 174 e depois um filme como o Tropa de Elite, só pode ser um gênio. Gênio pela contradição estratégica. o Padilha é do Bope. Por isso falam tanto em estratégia, "o bope não entra no morro mandando bala, entra com estratégia", "o conceito de estratégia (...), em francês, inglês, em italiano, em alemão, em português, em espanhol" (... e não tenha estratégia pra você ver... Afoga-se nessa liquidez moderninha).

Um filme que pega um, pega geral... é um filme de todos. Um filme de massa. Um filme comercial. Um filme de críticos. Um filme para intelectuais e acadêmicos. Um filme brasileiro não holiwoodiano. Um filme de ação policial holiwoodiano. Um filme personalista, uma realidade, uma ficção. É tropa de elite e tropa da elite.

Não é a totalidade que o torna admirável aos meus olhos, mas o jogo de detalhes. Sendo assim, a o roteiro é uma bosta: fica o tempo inteiro se justificando, mal costurado, com soluções anteriores as problemáticas, com um romantismo e personalismo asmático. Por outro lado, como ser um filme de todos se não seguir o roteiro de todos?

Mas os detalhes, quase subliminares, as mensagens paradoxais, a divulgação pirata (com caveira e tudo), o soco nos estudantes e nos próprios cineastas.

As vezes, para conseguir ouvir um sim, deve-se dizer não.

Ouvi um guri argumentar "não são os maconheiros que matam as crianças no morro... é o sistema capitalista"... puta que pariu... então porque vc não pega uma arma é vai fazer a revolução, borra bosta de meia tigela... Quero ver quantos amiguinhos de Lenin pegariam em armas para acabar com o sistema capitalista, para enfim poder fumar um baseadinho feliz, afinal o sistema não mata mais criancinhas no morro. A questão que acho primordial, não é de fato se VC fuma maconha ou não fuma, mas que pelo menos ponha as patas no chão... as coisas existem, não são etéreas aliás...

O esvaziamento do debate acadêmico...: está história de que o filme trás o esvaziamento do debate acadêmico me é estranha. Para mim o filme trás pela brilhantemente a hipocrita realidade da academia. O debate acadêmico é vazio. A academia é uma toca de cupim... ou uma tropa de cupim... aliás é a Tropa da Elite...

Foram alguns apontamentos que serão melhor escritos outra hora... por enquanto é esse caos indignado.

...hasta algun nada con nadie...

Otium Otnis

...EU SEMPRE FUI ASSIM...

Meus "eus" leitores

Por Gisele Voss


É engraçado... depende do texto que leio me dá uma vontade de escrever. O problema está naqueles autores com quem acabo me identificando, e se for escrever vai ser um plágio bem feito.
é o que acontece quando leio as crônicas de Martha Medeiros, Rubem Alves. O que me identifico é com o assunto e a forma com a qual escrevem, mas infelizmente não identifico onde encontro a varinha mágica (ou teclado mágico) para colocar as palavras e idéias de forma tão... tão... olha aí! já faltou a palavra!

Enquanto não encontro outro teclado, digitarei as palavras que aparecerem, neste computador mesmo. Uma mistura de leituras e idéias, que li intensamente em 24 horas. O problema está justamente no que Rubem colocou em sua crônica “Quem sou eu?”, “Eu somos” dizia numa parte. Somos tantos “eus” dentro de um só, que até nas leituras ando multipersona... De ontem para hoje, li textos sobre Psicologia Social, matéria do jornal sobre relacionamentos amorosos, as crônicas do Rubem Alves, capítulos sobre feminismo de Leonardo Boff, e um site sobre Doutores da Alegria. Em meio a tudo isso tive uma aula de múltiplas inteligências ontem de manhã e de sociologia, sobre o iluminismo hoje, algumas horas atrás. Como disse meu professor, se junto com o livro, a gente comprasse horas para ler...
Então, nessa sopa de rizoma, onde crescerá o broto deste texto? Por enquanto, os “eus” estão brigando. O super ego está dizendo para parar de escrever e ler a matéria da prova do final da semana. O Id diz pra soltar as idéias sem pensar no que virá. E o ego, coitadinho, não sabe o que fazer. E eu abraço o ego, e espero os dedos escreverem sozinhos.
Acho que o tema está realmente nesta pluralidade, nessas possibilidades, de fazermos tanto em pouco tempo, ou deixarmos o tempo passar. Não sei deixar o tempo passar.. O ócio criativo até me anima, mas esperar acontecer, não combina. Prefiro agir, nem que seja diferente do que planejei ontem, mas que aconteça agora. Andar deixando rastos não é para mim, prefiro a idéia do Rubem Alves: “Antes o vôo da ave que passa e não deixa rasto,/ que a passagem do animal, que fica lembrada no chão./ A ave passa e esquece, e assim deve ser.(...)” Por mais difícil que seja, não faço procurando deixar a marca no caminho, mas para poder alçar vôos mais altos no futuro. O que é difícil em um mundo que se age esperando que alguém marque, para receber a recompensa, para não ser desperdiçado. Será que nesta busca de não perder tempo em algo que não deixará marcas não se vive mais costurando pro futuro, remendando o passado, esquecendo da linha do presente?



Texto Resenhático Banheirístico de Homonima Autoria de Gisele Voss

...Hasta...

domingo, 11 de novembro de 2007

Realidades

Após anos de vazio. De retumbante silêncio. Ressurge aos olhos pueris, ó ave singela... das cinzas voa alto e ainda mais bela... ó Fénix.

obrigado... obrigado!

É com imensa alegria e um pouco de dor de barriga que volto a escrever neste blog... legal (eu tinha escrito incrível... achei que não ia pegar bem) .

Esses anos que passei fora... vagando pelos desertos do mundo, não me serviram de quase nada. Cheguei hoje, cortei a barba de ermitão, e cá estou-me... dificultosamente tentando escrever. é interessante como, por vezes, nos vemos em realidades distintas do que normalmente pensamos pensarmos para, logo, existirmos. Estou lendo um livro bem legal, que há muito me chamava. estávamos separados por um muro nazista chamado tempo e dinheiro e responsabilidade de homens adultos para com suas famílias (pensando bem, são alguns muros). pois que o comprei por 2 reais (um dos muros: marretado). peguei uma gripe que está avançando rapidamente para uma pneumonia (destruído o muro da responsabilidade com a família: meus doze filhos agora devem me trazer cházinho de limão com mel). fui ao banheiro (ultrapassada a barreira de tempo: lembrem-se da dinâmica das leituras de banheiro... assim que sai, entra!). A nobre literatura é o admirável Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Uma leitura realmente muito pneumática. Abro o livro e me vejo em outra realidade, não tão contraditória com aquela realidade na qual penso e existo. uma realidade da qual talvez não possamos fugir (a do Aldous).

aí... sentei no sofá... ao lado da tia rosa que estava assistindo seu programa dominical favorito, apenas superado pelas missas santas da Rede (me dê a sua)Vida... estava assistindo o Faustão. eu lá sentado. assistindo o Faustão. e o Faustão me assistindo. e caí. numa outra dimensão. uma dimensão em que 8 milhões de pessoas pensam e existem neste país. e o Faustão ali, me olhando. e fui envolvido por uma névoa de desconforto. que mundo é esse? pensei. mais um Admirável Mundo me acostumando a existir nas patéticas tardes de domingo.

...hasta...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

MemeEmBlog

"Os mais otimistas irão alegar que o dado é de 1995 e que hoje é diferente."

ROQUE, Padre. Fé, política e educação. Brasilia: Centro de documentação e informação. Câmara dos deputados, 2000.
______________

Passado pela Biba:

1. Pegue um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2. Abra-o na página 161 (se não tiver página 161, pegue a mais próxima;
3. Procure a 5ª frase completa;
4. Poste essa frase em seu blog;
5. Não escolha a melhor frase nem o melhor livro;
6. Coloque sua frase nos comentários do blog (pra que todos vejam…)
7. Repasse para outros 5 blogs.

*** Ainda não mandei para ninguém... mas assim que o fizer postarei aqui quem foram os felizardos!***

sábado, 20 de outubro de 2007

Ferreira Gullar

homem comum

sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas.
rostos
e mãos.
sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
mas somos muitos
milhões de homens comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos
de sonhos e margaridas.


[dezembro de 63]

Foto de Julian Dall'Asta

...Hasta...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

OPMET i OIZAV

O Tempo e a transitoriedade de todas as coisas são apenas a forma sob a qual o desejo de viver – que, como coisa-em-si, é imperecível – revelou ao Tempo a futilidade de seus esforços; é o agente pelo qual, a todo o momento, todas as coisas em nossas mãos tornam-se nada e, portanto, perdem todo seu verdadeiro valor.

O que foi não mais existe; existe exatamente tão pouco quanto aquilo que nunca foi. Mas tudo que existe, no próximo momento, foi.
Arthur Schopenhauer

domingo, 7 de outubro de 2007

mundo.des

"Acreditar no mundo é o que mais nos falta, nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele".






"Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempo, mesmo de superfície ou volume reduzidos".


Frases de Gilles Deleuze

Futebol e Desconstrução

Novamente futebol...


Hoje foi o jogo oficial... o jogo que motivou o jogo de ontem. E as dores de ontem armaram um cartel com as dores de hoje.


Perdemos de 4 a 1. Caiu uma puta chuva torrencial durante o jogo. era barro pra todo lado. tu chegava perto da bola por uma lado, e ela, assustada, saia correndo para outro lado, que geralmente não era o lado de algum companheiro.


PUTA MERDA! Bolada na cara. bem que o juiz tinha dito que era mais seguro tirar o óculos na para jogar. mas como é que um ser com 4 graus de miopia vai conseguir jogar sem óculos? PUTA MERDA! Bolada na cara... cada vez maior era a bola, até escurecer por completo, quando abri os olhos. cadê o óculos?. para o jogo, alguém tem que encontrar meu óculos. achou?. valeu!. era o óculos mais torto que eu já havia visto. a lente esquerda encostava no olho (literalmente). (des)entortei.


CHUVA: óculos (de novo) cheio de gotículas muito simpáticas. óculos atrapalhando a visão. o paradoxo óptico do futebol.


Minha perna esquerda não mais faz parte de meu corpo. é um corpo estranho no meu próprio corpo. ela parece ter sido arrancada, depois juntada, depois arrancada novamente e torcida, depois rosqueada em alguma equivocada parte de meu quadril. a própria perna como um todo parece estar fragmentada em outras tantas partes. é o início de uma total fragmentação. ou desconstrução?!. o futebol age no meu corpo como dispositivo desconstrutor.


Vou-me ir. a complexidade futebolística do meu corpo clama por desfragmentação.
...hasta...


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Quase


Acabei de voltar de um jogo de futebol... o jogo foi o maior legal... pena que eu estava jogando.


meus tornozelos doem. a folha dos pés dói. os dedos doem. o joelho dói, levou uma pancada filha da puta. minhas coxas doem. doem bastante. meu quadril dói. o abdómen dói. o outro joelho também dói. dói o meu pulmão. doem os cotovelos. dói um pouco o pescoço. a cabeça não dói, mas a consciência dói. os pulsos também estão doendo. o all star abriu uma boca no bico. o tênis me derrubou algumas vezes. eu me derrubei outras. fiz dois gols. levei uns vinte. apesar de algumas dores. amanhã tem outro jogo. estarei lá.


...hasta...

Quase... mas não foi hoje!

Suicidou

Sangue! Sangue!Sangue!
Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enlouqueceu
E eu!
Não vou nada bem
Não vou nada bem
Não vou nada bem
Não vou nada bem...

Passei o dia, a semana, inteira cantando esta música. minha mãe, seguindo os ensinamentos do sábio estereótipo cinematográfico, disse para cambiar as últimas frases. "inverte meu filho, inverte... ao invés de cantar não vou nada bem, canta eu vou muito bem"... pense positivo e seu cérebro produz uma onda que retumbará em todo o resto do mundo. uma onda que faz até um barulhinho: uhoooouummm!

Puta que pariu... não vou nada bem!

Se fosse para cantar que vai tudo bem, não cantava, porque afinal: quem canta seus males espanta...... e não tendo males, para que cantar?

Goya enlouqueceu...

***___***


Aumentemos nosso repertório banherístico: novas implicações teóricas vem sendo agregadas à Teoria das Leituras Banais de Banheiro. As leituras de banheiro comportam auto grau de tolerância frente a qualidade do fim, uma vez que o que se busca é a satisfação do meio. E aí se encontra o comum acordo entre nossa mente e nosso corpo. Um território único para a complexidade de nossos processos cognitivos e para nossa primitiva rejeição orgânica. O que quero dizer, é que tanto no cocô como na leitura de banheiro, o que importa é o processo. Não nos importamos com aquilo que está a deriva nas águas escurecidas por nossa sombra, mas sim com o processo como aquele moreno afogado naufragou. Nos importamos é com o fazer cocô e não com o próprio cocô. Assim é também o ato de ler no banheiro. Não nos importamos com os objetivos da leitura, nem com o final do texto, nem com nada... apenas nos preocupamos em ler para amenizar o dolorido, por vezes dolorido, processo de evacuação. Portanto, ler no banheiro, significa combinar a cognição com a evacuação.

Pensando desta forma, se nossa cabeça está a serviço do nosso cú, mais próprio seria jogar algumas leituras vaso abaixo. E, assim como cagar, as leituras são algo muito singular da existência de cada um. Logo, não falo por ninguém, cago por mim mesmo.

Algumas leituras que eu daria descarga:

- The Secret (livro e filme. "encaminhe este DVD para 21 pessoas, do contrário perderás todos os bens, ficará gordo, com rugas, lhe chamarão de Viado, ganharás menos que os professores de escolas públicas")
- O texto "Profissionais dos Palcos", do jornal Periódico Central (por ser um surto psicótico do jornalista, embora os psicóticos sejam um pouco mais criativos).
- Minhas aulas de Psicologia Clínica (sem comentários)
- Alguns professores da Privada (muitos comentários, mas se eu abrir a boca terei que morrer)


Leituras para serem reflectidas durante o banho:

- Seu Jorge (eu não ando nada bem...)
- Pra Ler/Zer (apesar do mel da última página, grandes textos)
- Blog da Bibianda (scriptografias... grandes comentários)
- Babel
- Coleção Baderna da Conrad (TAZ)
- Alguns Professores da Privada (Pouquissimos)


...hasta...


Suicidou

Eu prometo não te prometer nada
Nem te amar pra sempre
Nem não te trair nunca
Nem não te deixar jamais.

Estou aqui, te sinto agora
Sem mascaras, nem artifícios.
Enquanto for bom para os dois
Que o outro fique.

Nada a te oferecer exceto eu mesma
Nada a te pedir exceto que seja...
Quem tu és.

Tuas coisas continuam tuas...
E as minhas, minhas.
Não nos mudaremos na loucura...
De tornar eterno,
Esse breve instante que passa.

Se crescermos juntos,
Ainda que em direções opostas
Saberemos nos amar como somos
E não teremos medo ou vergonha...
Um do outro.

Não te prendo e não permito...
Que me prendas.
Nenhuma corrente pode deter,
O curso da vida.
Quero que sejas livre como eu...
Própria quero ser.

Companheiros de uma viagem
Que está começando...
Cada vez que nos encontramos novamente.

Geraldo Eustáquio de Souza

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Mel e a Dignidade

Ler é esconder-se do mundo... entrar em algum si mesmo!


Da última vez que sentei, solitário e introspectivo, no banheiro... abri um jornalzinho muito legal, elaborado por estudantes de Jornalismo de uma tal universidade privada que eu estudo. Para o bem da verdade, não posso mentir dizendo que abri o jornal... apenas olhei a primeira página, em que aparece uma foto do Brizola e do Tarso de Castro (que virou celebridade revolucionaria e andergaundi por aqui) . Então, virei o jornal e dei um vistaço na última página... era um texto de uma menina sobre alguma exposição de alguma professora da privada sobre alguma viajem pela Florença italiana.
Li!
O Título trazia algo com perfume de flor de lis... e realmente depois de ler saí perfumado, aliás: melado... era tanto mel que escorria por aquela página que quase dava enjoo de pegar... mas algum mel há de ser bom na vida, não é?... ainda mais nesse contexto de privadas. ... Apesar de ter me melecado todo com aquele texto... lembrei de algumas coisas que me aconteceram na vida.

com flor de lis me lembrei de quando fui escoteiro... e tentavam me ensinar como ser um cidadão responsável - quem diria que eu nunca aprenderia que para ser responsável precisaria me calar.

Falando de Florença... queria dizer que a magia da tal cidadéla italiana ficou denegrida por uma puta chuva torrencial que caiu durante todos os dias que eu passei naquela cidade... era um monte de gente, uma massa de umbrelos, escorrendo de lá para cá. Todo o mel que a autora do texto encontrou nos quadros... eu vi escorrer nas possas de lama. ou observava respingar para todos os lados, quando pisava com minhas botas e ficava com os pés molhados o dia inteiro, e depois tinha ainda que dormir na rua... porque pensava que aventureiro tem que sofrer por frio e fome!

O Mel me fez lembrar de um casal de namorados que eu sempre encontro sentados no banco da frente do ônibus que eu pego para a universidade. Faz um tempão que eu observo eles. estão sempre na mesma posição - ele como braço contornando a espalda dela. os narizes sempre em contato. risinhos e beijinhos. toda hora. um grude. eu acho lindo, mas as vezes da vontade de puxar um para cada lado pra ver se não estão grudados mesmo.

O mel me fez lembrar também um Clown espanhol, maluco e anarquista, que eu vi no Jô Soares (até que as vezes da para assistir esse chato). O cara, no final do programa, pegou 3 kilos de mel e despejou na cabeça. Segundo ele, o palhaço é mais humano quando perde a dignidade!

Eu odeio a dignidade. Odeia a ilusória dignidade das privadas!

...hasta...

(acabou o meu tempo nos computadores da privada!)

IES?


Isto não é um Vaso Sanitário




*** Mas pode ser uma Privada***

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Primeiro Ato

Minha mãe escreveu um comentário... tive a ótima idéia de postá-lo aqui... eu sei que ela tem um amor especial por mim!
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Como gosta de banheiro e cocô esse guri!!! sempre foi meio assim: Pablo com dois anos - Cena 1 na cozinha: "Onde está o Pablo"? depois de procurar pela casa toda ... No banheiro! Ele está no banheiro! Cena 2 no banheiro: Pablo aos pés do vaso agarrado com as mãoszinhas observando com seus enormes olhos escuros atentamente se o brinquedo que ele havia jogado no vaso iria desaparecer como desaparecia o cocô dele...
Cena 3 na sala: Alô? É o encanador? O Sr. poderia vir aqui em casa desentupir o vaso novamente? Sim, sim, eu sei meu senhor, o vaso foi desentupido na semana que passou... Como? Com o que foi entupido o vaso? Com um brinquedo meu senhor! Como? O senhor não acredita? É porque o senhor não tem 1 filho que se chama Pablo e que além de adorar o lobo mau porque COME a vovó também adora fazer experiências jogando os mais diversos objetos no vaso sanitário!!!!
Bem, o tempo passou e o vaso teve que ser arrancado e substituído...
Lá pelos 12 anos o Pablo teve um "revival" de se fechar no banheiro. É que... bem... ele encontrou uma revista de mulher pelada, BEM pelada quero registrar!!!
Hoje ele continua gostando de ficar no banheiro. Ao que tudo indica, mudou de “ações físicas” ... Viva Stanislavski!!! (Esse russo tem cara de quem gostava dum bom vaso!)


Assinado
Cilene - A mãe do cara meio à toa (é que ele foi criado meio à toa...)

domingo, 23 de setembro de 2007

Frida e a Chuva.





Estes mares não estão para peixes... ou estes dias não estão para banheiros! Minhas leituras de banheiro, logo após iniciado este Blog, estão escassas. Este espaço só me tem servido para tomar banho e escovar os dentes, por vezes, também, para apertar alguma acne incomodativa. Atividades que tornam um pouco dificil o ato da leitura, embora sejam ótimos exercícios meditativos e filosófico. Quem já não encontrou uma aparente solução para um problema vital durante o banho? Essa experiência transcedental me aconteceu hoje mesmo.



Enquanto chovia lá fora, uma chuva torrencial. eu tomava banho, um banho bem demorado (estou tentando diminuir a duração do banho). e comecei a pensar nos sofrimentos diários e contínuos da minha vida... pensei no grupo de pré-adolescentes que atendo todas as quartas-feiras... uma gurizada muito esperta, divertidissimos, mas que não param um segundo sequer. eles pisam em cima de mim. e eu, depois de anos estudando, me remetendo a técnicas estapafúrdias e comprovadamente ineficazes. que decepção comigo mesmo. (...) - Enfim, depois de algumas palavras de auto-flagelação que não lhes vou dizer aqui - (...) Com a água quente na cabeça, pensei em algumas iniciativas processuais para aquela gurizada sedenta de compreensão. também não vou dizer o que pensei, quarta-feira próxima escrevo cá o que se sucedeu com o grupo (se, por ventura, sair vivo).



Em conversa virtual com meu amigo Francis, surgiram questões epistemológicas a respeito da Filosofia de Banheiro: "na privada você faz a leitura e apreende o conhecimento, no banho você pensa a respeito e elabora uma teorização (...)".

***____________________***


Pensei desde logo em montar este blog para fazer algumas resenhas de minhas leituras... em especial as leituras de banheiro. Mas vou ampliar também para as leituras pré-sono. aquelas que fazemos tentando instigar um fio de sono, que estes dias malucos, velozes e barulhentos, perigam extinguir.



O Livro que indico aqui, e que está sendo meu companheiro de cabeceira (pelo menos foi essa noite)... AS AFINIDADES, de Reinaldo Montero.


Montero é cubano. Dramaturgo por excelência, romancista, poeta e roteirista. Esteve na Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo/2007... O cara parece ser um dom juan... e não foram poucos os suspiros femininos, por mim percebidos.
neste romance, Montero fala genialmente sobre o sexo e o amor. São dois casais, quatros pessoas, quatro experiências. Cada qual com seu ponto de vista e sua vista do ponto.

***____________***


Sinto um cheiro de cachorro molhado. olho para meus pés. a cachorrinha Frida esconde-se de seu algoz. tem nos meus pés algum conforto e confiaça. me sinto bem.

...hasta...

sábado, 22 de setembro de 2007

Reflexões acerca de um Blog de Vaso Sanitário






Este é o primeiro texto de meu primeiro Blog. Apesar disso, não constará aqui resenha de minha primeira (ou primeiras) leitura(s) de banheiro. Uma porque foram demasiadas leituras, e não ouso tentar descobrir qual foi a primeira. Outra porque a ordem cronológica neste blog, é um mero adereço insignificante, que eu achei por bem, não retirar dos marcadores (para fins de organização).




As leituras de banheiro são fenômenos que acompanham muitas pessoas no mundo. Mas melhor que isso, é que me acompanham há um certo tempo. Sempre que entro no banheiro para sentar no trono sagrado e deixar ali algo de mim mesmo, lanço mão de uma boa leitura rapidinha (por vezes não tão boas, mas sempre rapidinhas). Parece ter um significado substitutório essas leituras: Conforme sai, entra.


Um dia meu Tio estava contando um história sobre um certo amigo... Este amigo era um verdadeiro homem das letras, um advogado respeitado por sua erudição, homem que parecia sempre estar no mundo da lua e fumava continuamente um cachimbo... quando perguntado de suas leituras e estudos respondia: "minha cultura é cultura de vaso sanitário". (falava com acentuação particular nas vogais, abrindo muito o som e forçando estranhamente os músculos da face).


Tenho uma amiga por demais especial. essa amiga tem um pai. e o pai dela guarda 15 minutos sagrados de seu dia. 15 minutos após o almoço. para sua leitura cultural/banal de banheiro. o homem é PhD. sua leituras previnem o Mal de Alzheimer. creio que estas leituras também agem sobre o mecanismo de criatividade deste pai. ele inventa umas coisas muito interessantes.


O Vaso Sanitário pode parecer algo sujo e nojento. Contudo, me parece ser um
instrumento que, pela perspectiva da Teoria das Leituras Banais de Banheiro,
pode ilustrar as contradições existenciais que atravessam a sociedade e o
individuo. O Vaso: local de descarte do excesso e de construção de cultura; lixo
orgânico e adubo intelectual; adubo orgânico e lixo intelectual; espaço povoado
pelo mau cheiro e território de reflexão do ser humano sobre si mesmo; evidencia
a comunhão das redes sociais, uma vez que toda merda converge para um mesmo lugar
(geralmente Rios que atravessam cidades) e um dispositivo de valorização da
individualidade do ser humano, uma vez que a maioria das pessoas (a saber) cagam
sozinhas.


O Vaso e seus derivados também podem ser Arte... como nosso querido amigo Duchamp genialmente nos mostrou há algum tempo...