segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O filho do vampiro

Publicado em La otra orilla, 1945, El hijo del vampiro é considerado o primeiro conto escrito por Cortázar, em 1937.

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Julio Cortázar

Tradução de Cassiano Viana

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Provavelmente todos os fantasmas sabiam que Duggu Van era um vampiro. Não o temiam, mas deixavam o caminho livre quando ele saia de sua tumba precisamente à meia-noite e entrava no antigo castelo à procura de seu alimento favorito.


O rosto de Duggu Van não era agradável, a quantidade de sangue ingerido desde sua suposta morte – no ano de 1060, pelas mãos de um menino, novo David armado de uma atiradeira-punhal – havia infiltrado em sua pele opaca a coloração mole das madeiras que ficam por muito tempo debaixo d’água. A única vida naquele rosto eram seus olhos. Olhos fixos na figura de Lady Vanda, adormecida como um bebê na cama que não conhecia mais que seu corpo leve.


Duggu Van caminhava sem fazer ruído, a mescla de vida e morte que formava seu coração se resolvia em qualidades inumanas. Vestido de azul escuro, acompanhado sempre por um silencioso séqüito de perfumes rançosos, o vampiro passeava pelas galerias do castelo buscando depósitos vivos de sangue. A indústria frigorífica o houvera indignado. Lady Vanda, adormecida com a mão sobre os olhos como em premonição do perigo, parecia um bibelô, um terreno propício ou uma cariátide(1).


Louvável costume de Duggu Van era o de nunca pensar antes da ação. Parado diante da cama, desnudando com a levíssima mão carcomida o corpo da rítmica escultura, a sede de sangue começou a ceder.


Se os vampiros de apaixonam é coisa que na estória permanece oculta. Se houvesse meditado, a condição tradicional haveria detido talvez à beira do amor, limitando-o ao sangue higiênico e vital, porém Lady Vanda não seria para ele uma mera vítima, destinada a uma série de coleções, a beleza irrompia de sua figura ausente lutando, exatamente no meio do espaço que separava ambos os corpos, com a fome.


Sem tempo para perplexidades, ingressou Duggu Van com voracidade estrepitosa no amor, o atroz despertar de Lady Vanda atrasando em um segundo as suas possibilidades de defesa e o falso sonho do desmaio houve de entregá-la, branca luz na noite, ao amante.


Fato é que, de madrugada e antes de ir embora, o vampiro não pode com sua vocação e fez uma pequena sangria no ombro da desvanecida castelhana. Mais tarde, ao pensar naquilo, Duggu Van sustentou para si que as sangrias resultavam muito recomendáveis para os desmaiados. Como em todos os seres, seu pensamento era menos nobre que o simples ato.


No castelo houve congresso de médicos, perícias pouco agradáveis, sessões conjuratórias e anátemas, e, além do mais uma enfermeira inglesa que se chamava Miss Wilkinson e que bebia genebra com uma naturalidade emocionante. Lady Vanda esteve longo tempo entre a vida e a morte (sic). A hipótese de um pesadelo demasiado verdadeiro foi abatida frente a determinadas comprovações oculares; e, além do mais, quando transcorreu um lapso razoável, a dama teve a certeza de que estava grávida.


Portas fechadas com Yale haviam detido as tentativas de Duggu Van. O vampiro tinha que alimentar-se de crianças, de ovelhas, até de – horror! – porcos, mas todo o sangue lhe parecia água ao lado daquele de Lady Vanda. Uma simples associação, da qual não o livrara seu caráter de vampiro, exaltava em sua lembrança o gosto de sangue onde havia nadado, guloso, o peixe de sua língua. Inflexível sua tumba na passagem diurna, era preciso aguardar o canto do galo para pular, desfigurado, louco de fome.


Não havia voltado a ver Lady Vanda, mas seus passos o levavam uma e outra vez à galeria terminada na redonda burla amarela de Yale. Duggu Van estava sensivelmente pior.Pensava às vezes – horizontal e úmido em seu ninho de pedra – que talvez Lady Vanda teria um filho seu, o amor recrudescia então mais que a fome. Sonhava sua febre com violações de trincos, seqüestros, a construção de uma nova tumba matrimonial de ampla capacidade. O paludismo se escondia nele agora.


O filho crescia, quieto, em Lady Vanda. Uma tarde ouviu Miss Wilkinson gritar para sua senhora. A encontrou pálida, desolada, tocava o ventre coberto ao relento, e dizia:
- É tal qual o pai, é tal qual o pai.


Duggu Van, a ponto de morrer a morte dos vampiros (coisa que por razões compreensíveis o aterrorizava), tinha ainda a débil esperança de que seu filho, acaso possuidor de suas mesmas qualidades de sagacidade e destreza, maquinaria algo para trazer-lhe sua mãe algum dia. Lady Vanda ficava cada dia mais pálida e aérea. Os médicos maldiziam, os tônicos recuavam. E ela, repetindo sempre:


- É tal qual o pai, tal qual o pai.


Miss Wilkinson chegou à conclusão de que o pequeno vampiro sangrava a mãe com a mais refinada das crueldades. Quando os médicos se inteiraram da situação, falou-se de um abordo, plenamente justificável; porém Lady Vanda se negou, virando a cabeça como um ursinho de pelúcia, acariciando com a direita seu ventre ao relento.


- É tal qual o pai – disse-. Tal qual o pai.


O filho de Duggu Van crescia rapidamente. Não apenas ocupava a cavidade que a natureza lhe concedera, mas invadia o resto do corpo de Lady Vanda, que agora podia apenas falar, já não lhe restara sangue; e se havia algum, estava no corpo de seu filho. E quando veio o dia estabelecido para o alumbramento, os médicos disseram que aquele ia ser um parto estranho. Em número de quatro rodearam o leito da parturiente, aguardando que chegasse a meia-noite do trigésimo dia do nono mês do atentado de Duggu Van.


Na galeria, Miss Wilkinson viu aproximar-se uma sombra. Não gritou porque sabia que não ganharia nada com isso, o rosto de Duggu Van não era de provocar risos, a cor terrosa de seu rosto havia se transformando em um relevo uniforme e cardão, em vez de olhos, duas grandes interrogações lacrimejantes se balanceavam sob o cabelo endurecido.


- É absolutamente meu – disse o vampiro com a linguagem caprichosa de sua seita – e ninguém pode interpolar-se entre sua essência e meu carinho. Falava do filho; Miss Wilkinson acalmou-se.


Reunidos em um ângulo do leito, os médicos tratavam de demonstrar uns aos outros que não tinham medo. Passavam a admitir mudanças no corpo de Lady Vanda, sua pele repentinamente escura, as pernas que se enchiam de relevos musculares, o ventre que se achatava suavemente e, com uma naturalidade que parecia quase familiar, o sexo que se transformava no contrário, as mãos que não eram mais as de Lady Vanda. Os médicos sentiam um medo atroz.


Então, quando soaram as doze, o corpo que havia sido Lady Vanda e era agora seu filho se aprumou docemente no leito e estendeu os braços até a porta aberta. Duggu Van entrou no salão, passou frente os médicos sem vê-los e tocou as mãos de seu filho.


Os dois, olhando-se como se se conhecessem desde sempre, saíram pela janela, a cama ligeiramente desarrumada, os médicos balbuciando coisas em torno dela, contemplando sobre as mesas os instrumentos do ofício, a balança para pesar o recémnascido e Miss Wilkinson na porta retorcendo-se as mãos e perguntando, perguntando, perguntando.


1 Figura humana, geralmente feminina, esculpida em fachadas de edifícios da Grécia antiga. N. do T.


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Julio Cortázar, Buenos Aires, 1937.
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domingo, 10 de agosto de 2008

Pai e Filhinha no teatro.



Dramaturgia em Drama

Cena 1

O Pai e a Filha... de 1 ano.

Linda e saudável família normal vai ao teatro. Em cartaz: O Palhaço

PAI – vou levar ela mais para frente.
MÃE – Isso, pode levar... eu fico aqui.



*** Pai corre através do corredor entre as poltronas do teatro, levando bem apertada ao peito sua filha de um ano, que sacode, sacode. Pai corre, porque atrás dele vem um dos atores da peça, também correndo, e gritando. A criança, apesar de sacudida, não grita.



PAI – Aqui está bom. (senta) Olha filinha, o palhaço.

*** A filhinha não fala, é uma criança, mas pensa. ***

FILHINHAHum, isso é um palhaço. Mas tá sem nariz.
PAI – Olha filhinha, o palhaço ta amarrando o sapato.
FILHINHAHum... haha... legal
PAI – Olha filhinha, o palhaço não sabe amarrar o sapato.
FILHINHA - ... aham eu vi pai...
PAI – Olha filhinha, o palhaço caiu.
FILHINHA Sim pai, eu vi que o palhaço caiu...
PAI – Olha filhinha, o palhaço caiu de novo quando foi levantar...
FILHINHAPai!!! Para de explicar o que está acontecendo lá...
PAI – Olha Filhinha, olha olha...
FILHINHATô olhando... eu já estou olhando...
PAI – ... ele conseguiu levantar...
FILHINHAPai, você esta atrapalhando o cara que está aí na poltrona da frente, pára de falar...
PAI – Filhinha filhinha, olha, o palhaço ta triste...
FILHINHA cadê a mãe... eu vou chorar... eu não quero mais ter esse pai...
PAI – Olha filhinha, o palhacinho conseguiu ficar alegre...
FILHINHAPrimeiro: não é palhacinho, é palhaço, clown, um branco e outro augusto. Segundo: ele não voltou a ficar alegrinho. Ele está ingênuo, aliás mostrando toda a simplicidade da ingenuidade e idiotia do ser humano, e assim torna-se o ser mais político que há, porque justamente “não há”. Então pai, se você não tem nada pra acrescentar, não comenta e me deixa aproveitar...
PAI – hahahaha
FILHINHAPelo menos você está conseguindo rir...
PAI – Olha filhinha, o palhacinho... Filhinha? Que cheiro é esse?

A FILHINHA fez cocô!

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Ficha Técnica Elenco: Lúcio Tranchesi (o Tio) e Alexandre Luís Casali (o Sobrinho) Direção: João Lima Roteiro: Alexandre Luis Casali e Lúcio.

...Hasta...

Ventana







Cópula



A poética cópula das máquinas!

... hasta...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Normose e Línguas

Aqui vai um texto que encontrei perdido no computador. Não sei quem é o autor e só encontrei um página apenas...


gostei


postei


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... Falar de normalidade é como andar sobre um deserto de ovos, é como atirar em um alvo em constante movimento. Tal qual “tempo e espaço”, a normalidade é, inexoravelmente, um conceito relativo. Se formos analisar a revolução ocasionada pela teoria da relatividade de Einstein, temos que convir que os resultados obtidos pela mesma não satisfazem apenas o campo cientifico da física e afins, mas pelo contrario, foi o vento que levou ao ar os chapeis do conformismo e da exatidão em todo o mundo intelectual, capacitando um outro jeito de pensar a ciência e os fenômenos humanos e tudo que a estes corresponda, assim como um novo modo de lidar com estes fenômenos. Caindo por terra o conceito da linearidade do tempo de Newton, como, também, o conceito positivista e liberal de homem individual, “normal” ou “anormal”. Embora, tanto a idéia de Newton, como a do “Patológicomen”[1] são exaustivamente trabalhadas na formação intelectual de uma pessoa.
Ser normal é estar dentro das normas, da maioria, da moda. Mas estar dentro de uma norma é contradizer uma das grandes virtudes do ser humano, o de ser político (e não monolítico). Assim, uma sociedade de consumo como a nossa tende a normatizar “hábitos” patogênicos que, apesar de serem “normais”, levam a infelicidade e a doença. Dessa forma Pierre Weil apresenta o conceito de Normose, que seria a patologia da própria normalidade. A dita normalidade que introjeta na pessoa uma pulsão de ter, só de “ter” e não de “ser”, por exemplo. Assim, segue-se a crise da contemporaneidade, alienação causada pela submissão inconsciente à um regime totalitário de dominação (moda, seguir a maioria). Tomar consciência disso é o inicio terapêutico para a mesma.
Einstein e Weil, como foi supracitado, nos mostram rupturas em paradigmas histórico-culturais, tanto focado no homem em si como em todo o universo físico que o rodeia. Lembremo-nos de que Einstein era tido como louco, e Weil, aos trinta e três anos de idade entrou em uma crise existencial profunda que mudou toda sua vida. Analisemos, que Einstein era fruto de uma rígida educação judaica e tinha sérias dificuldades de relacionamento por causa de sua timidez assim como ações errantes nas práticas mais cotidianas. Logo, Einstein era produto de relações, e destas relações sofria ou...


[1] Palavra criada pelo autor, originária da junção de Patológico com Men (homem em inglês). Faz referência a patoligização da vida assim como à perda da identidade lingüística de uma certa população, que por alienação normatiza-se de acordo com falsos modelos apresentados na anti-cultura de consumo.
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Homi Bhabha



Noção de Cultura em BHABHA

Todas as formas de cultura estão de algum modo relacionadas umas com as outras, porque cultura é uma atividade significante ou simbólica. A articulação de culturas é possível não por causa da familiaridade ou similaridade de conteúdos, mas porque todas as culturas são formadoras de símbolos e constituidoras de temas. Portanto, são práticas interpelantes.
Resistimos muito a pensar de que forma o ato de significação, o ato de produção dos ícones e símbolos, dos mitos e metáforas por meio dos quais vivenciamos cultura, devem sempre – em virtude do faoto de serem formas de representação – ter em seu interior uma espécie de limite auto-alienante. O sentido é construído de um lado a outro da linha divisória que separa e diferencia significante e significado. Decorre disso que nenhuma cultura é completa em si mesma, nenhuma cultura se encontra a rigor em plenitude, não só porque há outras que contradizem sua autoridade, mas também porque sua própria atividade formadora de símbolos, sua própria interpelação no processo de representação, linguagem, significação e constituição de sentido, sempre sublinha a pretensão a uma identidade originária, holística e orgânica.

Noção de tradução em BHABHA

Tradução é um processo pelo qual, a fim de objetivar o sentido cultural, é forçoso haver sempre um processo de alienação e de secundariedade em relação a si próprio. Sob esse aspecto, não há “em si mesmo” nem “por si mesmo” no interior das culturas, porque elas sempre estão sujeitas a formas intrínsecas de tradução. Tal teoria da cultura se aproxima de uma teoria da linguagem, como parte de um processo de traduções – usando essa palavra não no sentido estritamente lingüístico de tradução, como em “um livro traduzido do francês para o português”, mas enquanto um motivo ou tropo, como sugere Walter Benjamin para a atividade de deslocamento dentro do signo lingüístico.
Tradução é também uma maneira de imitar, mas num sentido traiçoeiro e deslocante – o de imitar um original de tal modo que a sua prioridade não é reforçada e sim, pelo próprio fato de ele poder ser simulado, reproduzido, transferido, transformado, tornado um simulacro e assim por diante: nunca o original se conclui ou se completa em si mesmo. O “originário” será sempre aberto à tradução, portanto nunca pode ser dito que tenha um momento antecedente, totalizado de sentido ou de ser – uma essência. Isso quer dizer, que as culturas só são constituídas em relação a essa alteridade interna á sua própria atividade formadora de símbolos que as faz estruturas descentradas – e que por intermédio desse deslocamento ou liminaridade abre-se a possibilidade de se articularem práticas e prioridades culturais diferentes e mesmo incomensuráveis.

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Texto do Grande Mestre e Amigo Mauro Gaglietti

oS rATOS


Eis que devem retornar ao ninho os camundongos

Arte de amar - de Tiago de Mello

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Não faço poemas como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.

Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder. A
palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.

TIAGO DE MELLO

líriosorriosos

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Se eu conseguisse todos os Lírios
Todos os brancos e os amarelos.
Se assaltasse os jardins mais apaixonados
E assim tocasse o seio esquerdo de Julieta.

Se eu te deitasse agora em meu olhar
Te cobrisse com meus sonhos e minha paixão
Um beijo para lhe contar
Que sou seu Lírio Rubro.

Você, minha paz e meu tormento
Que me abala os olhos e os sentimentos
Você, em jardim floresce

Cada dia uma,
Teus olhos:
Cada dia únicos.

a-romA

Meu amor é mais que eu mesmo em inicio de vida...
Meu amor é uma rotina sem horário...
É assim uma saudade sem tempo, sem pausa...
Meu amor é uma flor sem cor, mas viva verde e vermelha, amarela...
Meu amor é cinco Marias em um céu de jasmim...
É assim, assim florido, assim... assim.
Meu amor tem compasso forte, tem tom pesado...
Meu amor tem pele suave, meu amor é pluma e simplicidade...
É assim o meu amor, puro... puro assim como esse verde.
Meu amor é meu coração na madrugada...
Meu amor é minha mão, por favor, na sua mão.
É assim o meu amor, bate sincopado um réquiem surreal
Uma tradução de um abismo silábico
Porque não há palavras, soltas, silenciadas, escritas ou copiadas...
Não há maneira de lhe dizer, Meu Amor, como é real meu amor, e
A mais rigorosa dor é essa casta falta de você. Falta você sempre do meu lado!

***

Sentelhas dos mundos que passaram
Mundos e palavras que cabem nos momentos
Em palmas e mãos.

tenho tanto sentimento


Tenho tanto sentimento

Que é freqüente persuadir-me


De que sou sentimental,


Mas reconheço, ao medir-me,


Que tudo isso é pensamento,


Que não senti afinal.





Temos, todos que vivemos,


Uma vida que é vivida


E outra vida que é pensada,


E a única vida que temos


É essa que é dividida


Entre a verdadeira e a errada.





Qual porém é a verdadeira


E qual errada, ninguém


Nos saberá explicar;


E vivemos de maneira


Que a vida que a gente tem


É a que tem que pensar.





Fernando Pessoa


O mundo vai

O varal

Fica!

Retiração de Subjetividade Estética


Os retirantes

Somos nós

Que passamos

Passamos

Passamos

Pacivamente

Passamos

Passamos

Passamos

Passamos

Condicionadamente

Passamos

Passamos

Passamos

Passamos

Passamos

De ônibus

Passamos

Passamos

Passamos

Passamos

Fotografando

Passamos

Passamos

Passamos

Turismando

Passamos

Passamos

Passamos

Passamos

Fugindo

Nos Retirando...

Foto de Julian Dal Asta