segunda-feira, 21 de abril de 2008

1ª Parte - Cabeça Bem Feita

A cabeça bem-feita*
Edgar Morin
1ª Parte
**Pablito Potrich Corazza

..........“Há inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro lado, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários”.(Morin, p.13). Assim Edgar Morin inicia seu livro “A cabeça bem-feita”, onde discursa sobre os desafios da reforma do pensamento, cada vez mais necessário na atualidade, visto que a hiperespecialização faz com que se perca o contexto dos problemas ou da própria realidade fechando-se assim, em uma pequena parte simbolicamente separada do todo e que não satisfaz a necessidade de se considerar o essencial. O essencial só pode ser compreendido se for lido no contexto global. “Os problemas essenciais nunca são parceláveis, e os problemas globais são cada vez mais essênciais”. (Morin, p.14)
..........Neste desafio da globalidade nos deparamos também com o desafio de complexidade. “Existe complexidade, de fato, quando os componentes que constituem um todo (como o político, o econômico, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) são inseparáveis e existe um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre as partes do todo, o todo e as partes”. “Efetivamente, a inteligência que só sabe separar, fragmenta o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas, unidimensionaliza o multidimensional... De modo que, quanto mais os problemas se tornam multidimensionais, maior a incapacidade de pensar sua multidimensionalidade...” (Morin, p.14, 15). “Uma inteligência incapaz de perceber o contexto e o complexo planetário fica cega, inconsciente e irresponsável”.
..........Os conhecimentos fragmentados até podem ser úteis nas áreas que não correspondem aos setores complexos do conhecimento, sendo assim podem ser muito bem utilizados no que concerne ao funcionamento das “máquinas artificiais”, mas esta lógica mecanicista não pode ser aplicada na sociedade ou nas relações humanas uma vez que “ignora, oculta ou dilui tudo que é subjetivo, afetivo, livre, criador”.
...........Penso que não há nada mais certo que estas magistrais colocações, considerando, talvez a própria academia ou universidade, a qual temos o solúvel privilégio de poder freqüentar para que possamos nos especializar em algum setor. E o que se vê é exatamente isso, espacializações pragmáticas, sem contextualização, nem interação com outras áreas ou faculdades. Cursos separados cartesianamente. Enfim todo um complexo educacional que obedece cada vez mais a esta enfermidade do pensamento. Desde a primeira educação, as disciplinas já são trabalhadas de forma solitária, se agravando ainda mais no ensino médio pela falta de reflexão na incessante marcação de “x”, que acaba por definir quem é mais inteligente e capaz. E novamente o pensamento se torna mesquinho, numa cegueira ordinária, tornando-se assim mais um problema em vez de uma solução.
..........Essa questão educacional é tida para Morin como outro desafio, porque: “em tais condições, as mentes jovens perdem suas aptidões naturais para contextualizar os saberes e integrá-los em seus conjuntos” (Morin, p. 15). “Devemos, pois, pensar o problema do ensino, considerando, por um lado, os efeitos cada vez mais graves da compartimentação dos saberes e da incapacidade de articulá-los, uns aos outros; por outro lado, considerando que a aptidão para integrar é uma qualidade fundamental da mente humana que precisa ser desenvolvida, e não atrofiada” (Morin, p.16).


* Primeira parte da resenha realizada para as Aulas de Psicologiada Personalidade, com a Professora Rosani Sgari. Dividi a resenha em 6 partes, que serão postadas em breves espaços de tempo!

** Estudante de Psicologia da Universidade de Passo Fundo. Dedicado e comprometido, atrasado e meio atordoado... Futuro Ph.D na Universalidade do Planeta Terra. Publicou vários artigos e livros sobre a arte de não fazer nada e suas conseqüências na vida dos animais de estimação (delírios).

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A maior aberração da natureza

Eu estava la, loucamente me amando com meu travesseiro quando de repente o despertador tocou. Levantei, cambaleando e procurei as minha lindas pantufas de ursinho. Por incrível que pareça estavam no lugar certo, o que é uma coisa muito rara no meu esplendoroso quarto que mais parece a câmara do senado de tão bagunçado.
Nesse meio tempo, percebi que estava com uma vontade louca de ir ao banheiro. Fui devagarinho, segurando todos os “peidinhos’’ para o momento mais sossegado de meu infernal dia. Claro que não esqueci de agarrar de cima de minha cama a nova revista da turma da mônica, é a melhor do mês, vem as histórinhas mais sensacionais da década. Elas servem como um laxante para meus neurônios que conpulssivamente mandam o coco descer, livre, leve e solto. Pois que o coco não queria sair nem por decreto do presidente dos EUA, que atualmente se auto julga dono do mundo. Nem a tão poderosa turma da mônica conseguiu me livrar desse entupimento gástrico-renal. Sem saber como agir nesse momento crítico de minha vida, saí do banheiro acrocado, que era para a bosta não subir para a boca, peguei o telefone e liguei para mamãe, é claro que não esperava grandes resultados de suas opiniões mas pelo menos ela poderia me dar um apoio moral.
- Alo, Mãe?
- Quem é?
- Eu
- Ronemualdo?
- Não
- Creosvaldo?
- É
- Ah seu porco, o que é que tu qué?
- Oh mãe, não sai.
- Que?
- Não sai de jeito nenhum.
- O que que não sai?
- A bosta!
- O que? Tu nunca me liga e quando liga ta na merda, vai te a merda.
- O mãe não desliga... Desligô.
O problema, é que eu já estava atrasado para o trabalho. Tinha que apelar para uma técnica caseira.
- Hum! A velha técnica desintupidora da vovó.
Saí tropicando como pedra em ribanceira, peguei o velho funil de metal e vagarosamente abri o armário e apanhei meu pequeno aspirador, chamado pela vovó de aspeidador, pois ele provoca peidos e ... Muita dor! Com dor ou sem dor eu queria me ver livre daquele inferno, peguei o aspeidador e juntamente com o funil penetrei-o profundamente e dolorosamente no meu próprio limite do aparelho excretor. A dor foi tamanha que o meu cérebro sofreu um espasmo e eu desmaiei e dormi profundamente.
Quando acordei estava ainda com um desconforto no traseiro mas isso fora anulado pelo imenso prazer de não estar mais com aquela tora fecal dentro do meu singelo corpo. Parei um pouco para aproveitar o momento mais feliz do meu dia que também fora pouco pois o fedor da bosta estava por todo meu apartamento, e o fedor era realmente insuportável, não tive como agüentar nem um minuto a mais naquela possilga. Me levantei para sair, mas por ironia do destino, tinha esquecido a calça fracogiorgi toda cagada, arriada. Levantei a calça com nojo de encostar meus lindos e bem cuidados dedos naquela merda toda, mas daí pensei “essa merda é minha então não tem porque eu ter nojo” e mergulhei naquela bosta toda que encharcava a minha calça.
Fui correndo para o chuveiro e lá fiz a primeira coisa que me veio a cabeça, tirei a roupa. Tomei um sujo e rápido banho pois o cheiro era insuportável até dentro do banheiro. Caso eu tenha esquecido de dizer, o incidente com o aspeidador se sucedeu na sala em frente a minha televisão, que agora esta cheia de bosta tanto por dentro como por fora. Assim como o glorioso tapete persa, importado do Paraguai. Por um momento pensei em chamar uma faxineira, mas logo essa hipótese me saiu da cabeça:
- Coitado de quem ousar entrar no meu apartamento, vai ser um veneno mortal para o olfato. Vou eu mesmo dar um jeitinho, aquele jeitinho que a anos não dou.
Coloquei meu avental de cozinha, apanhei uma vassoura e fui ver no que dava a limpeza. Passei a vassoura de cima pra baixo varias vezes no televisor, até que me toquei que tinha espalhado ainda mais a merda, cheguei até a jogar um pouco no teto.
- Ai de mim!
Não podia mais com o cheiro, peguei quatro panos e um prendedor de roupas, este seria minha salvação contra o mal maior, o cheiro. Coloquei-o no nariz. Continuei com a limpezinha do meu ap., que estava apenas começando.
No auge da minha porção faxineira, me dei conta que meu emprego na empresa, ao contrario da bosta, estava descendo por água a baixo. Eu precisava muito daquele emprego e já que era apenas uma doação por eu ser filho do fundador da empresa e não era muito bem vindo pelos meus colegas, diziam que eu não merecia. Não era muito bom chegar atrasado. A bosta no meu apartamento podia esperar mais um pouco, por infelicidade dos vizinhos.
Me aprontei tanto no visual quanto no psicológico que era para agüentar a aporrinhação do seu Marcos Carteado. Quando ia saindo eu vi , vi a grande chefona, era a maior aberração fecal que eu já tinha visto até os dias de hoje, era realmente enorme, estava la parada fitando meus olhos com aqueles pedacinhos de milho e feijão juntamente com amendoim. Era ela a minha desgraça, a culpa era toda dela, e eu com a maior sede de vingança que alguém poderia sonhar ter. Peguei-a com minhas próprias mãos e gritei
- Morrrrraaaaaaaaa!!! Sua merda!!!!- E atirei-a pela janela.

*** Frangmento do Livro Bostal. Públicado inicialmente num Zine local, porém ganhou milhares de adeptos literários nas imensas noites de inutilidade pública ***

domingo, 13 de abril de 2008

A menoridade disfarçada ou O pessimismo*

Pablo Potrich Corazza[1]

.......... A maioridade da razão descrita por Kant está na constituição da sociedade atual, menorizada, uma vez que, por ilusão, o grande público elitista e determinador de desigualdades se considera “pensante” com capacidade de se servir do seu próprio entendimento sobre como vivem, por que vivem, o que falam, ouvem, escutam e deglutem, babando.
.......... Estando este público restrito a um entendimento televisivo e aculturado, não desenvolvem a premissa básica do iluminismo Kantiano que é “se servir de seu próprio entendimento sem a orientação de outrem” (Kant, 1783). Sendo este público “vítima” do condicionamento da indústria do entretenimento, repassam o único e possível entendimento que absorvem desta incrível elucubração, pois essa indústria de valores e culturas, na sua “santa mesquinhez” adere ao papel de tutor, segundo Kant, que pelo caminho da falta de coragem e decisão, mesmo que inconscientes do público, de se servir de seu próprio entendimento, lhe fornece somente uma simples opção no entendimento de seu mundo subjetivo: o de não haver subjetivo algum e o de apenas olhar e gostar. Raciocinar pra quê? Numa mesa de um shopping qualquer, pergunte a um grupo de jovens o que, para eles, significa moda. Irão rir um pouco e lhe responder que cada pessoa faz e tem sua própria moda. Observando-os você deverá notar que, em geral deverão estar usando boné, camisetas da mesma marca, bermuda a meia canela e um tênis enorme, em cada pé; devem ter acabado de sair do cinema onde assistiram um filme Hollyoodiano (adoraram!), estão fumando, alguém tem uma “banderinha” dos EUA no peito e se dizem independentes e rebeldes. São virgens, mas dizem que estão “comendo” todo mundo, nunca viram cocaína na vida, mas dizem que estão cheirados, afinal o mocinho do filme que eles acabaram de assistir revelava este mesmo padrão de comportamento e era muito bem sucedido.
.......... O pensamento crítico e sensato ainda existe em algumas pessoas que se fazem valer de seus próprios entendimentos. Essa maioridade da razão não é atingida num passe de mágica, é incentivada por instituições que propiciam o encontro e o importante entendimento da cultura, do conhecimento, da arte e desse senso crítico, tão falado, tão ausente e desconhecido. Mas o que dizer quando essas próprias instituições se tornam meios de veiculação dessa odiosa cultura de massa? Dar titulo de professora emérita para a Hebe Camargo ou fazer campanha de vestibular com uma banda chamada Big Head’s, é se deixar levar pela menoridade disfarçada. Esta publicidade se faz cada vez mais desumana no sentido de distorcer a possibilidade de livre arbítrio do ser humano, condicionando sugestivamente a pessoa a fumar, beber, gostar, ter, acatar ou qualquer outra coisa imaginável, afinal a lei de Gerson ainda vigora.
.......... Kant cita, sobre os tutores, metaforicamente que depois de domesticarem seus animais a permanecer no caminho da carroça, mostram-lhes em seguida o perigo que os ameaça se não o seguirem. “Ora este perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam por fim muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores” (KANT, 1783). Seja com um vírus invisível ou com um crucifixo na parede o medo fantasioso que nos é colocado defronte sempre esteve ligado ao nosso livre arbítrio e o nosso entendimento da realidade. Essa antiga maneira de manipulação de massa se faz presente na mídia atual ostentando padrões de beleza e de comportamento que devem ser seguidos para se pertencer a um grupo, o importante é não ser diferente. O diferente causa medo.
.......... O sonho de viver em uma sociedade, de toda, esclarecida, já não é tão distante, na verdade é impossível. Ao que Kant cita a religião como a maior precursora da menoridade isso em sua época, temos hoje a mídia e a indústria do entretenimento, desfazendo as culturas, as artes, o ser humano e a sociedade em si. A era que nos é concedida a viver não é mais a era de reis e governos, não é mais a época de ditaduras militares ou de El Dourados, que Voltaire nos tire este pessimismo das costas, mas é a era da menoridade disfarçada, é a época do subjetivismo insubjetivo, é o tempo dos direitos humanos que só se fazem presentes quando o humano já se tornou desumano, é a modernidade de sábios sem sabedoria tirando oportunidades de que outros a tenham, é o canal da zorra total.
.......... O radicalismo na oposição a essa menoridade forçada se faz cada vez mais necessária, uma vez estando ele contra o que denigre o homem quanto ser pensante, está para o bem da sociedade e da alma de cada pessoa. Não há Pangloss que agüente a atualidade, não há o melhor dos mundos possíveis, nem há uma única e exclusiva farsa (anti) teatral para menorizar a razão e a própria maioridade.

* Tributo a Voltaire
[1] Acadêmico de Psicologia. Filosofo por um dia.




*** Texto produzido para aula de Filosofia da Professora Geovana Dalmás. Ano: 2003. Segundo nível da Facul ***

sábado, 12 de abril de 2008

Funny Games... Fanny Days... Funny...




Dois fatos interessantes para serem contatos.


1. Comprei uma bicicleta. Uma caloi 10, do caralho. Tu pedala e ela vai. Tu freia e... ela demora um pouco mas para. Tu pede para ela te servir um suco e ela serve. Incrivel.


Domingo passado, em estado de solitária agonia, saí a pedalar pelas amarelas ruas de Passo Fundo. Na mochila levava uma térmica com água quente, minha cuia para chimarrão e erva argentina. Mias alguns papéis se valor naquela tragetória ciclística. Mais os Quadrinhos de "V de Vingança" e o livro Jardim das Ilusões. Devia haver algo mais na mochila, mas não me recordo. Possívelmente eu possa encontrar alguns Monstros de jardim dentro da minha mochila.


Com destino a Praça do HC, fui pedalando. Quase voando. Plena avenida Brasil. Vazia Avenida Brasil. Maldito meio fio. Me esborrachei no chão.


Resultado... esfolei os joelhos. Entortou o aro traseiro (isso doeu). Quebrou o pedal. Arranhou o varão. E eu só esfolei os joelhos. Nem um braço quebrado, nada... só os joelhos. Mas a bicicleta... P.M.


Fui até a praça. Fiz um mate. Me deitei. e adormeci lendo gibi.


2. Encontrei um rato. Aliás, dois ratos. Os dois trabalhavam num banco. Aliás, continuam trabalhando.


ESTE ENCONTRO, DEFINITIVAMENTE, NÃO FOI NADA BOM.